Atos
10.10,11; 22.17
O
ÊXTASE CRISTÃO
Introdução
1.
Cada vez mais está existindo no meio cristão pessoas dizendo ter experiências
místicas, chamadas de êxtase. Os crentes que a estão experimentando dizem ter
visões, ouvir vozes celestiais em transe.
2.
Estes dois textos mostram dois grandes apóstolos de posição doutrinária
reconhecidamente conservadora relatando que também tiveram experencias de
êxtase. Pedro apóstolo diz que viu o céu aberto e ouviu uma voz. Paulo apóstolo
afirma que viu e ouviu Jesus, que a ele se dirigiu.
3. Uma
vez que os apóstolos informaram a vivência de tal experiência e que outras
pessoas também dizem ter vivido, precisamos fazer um sério estudo sobre o
assunto. O objetivo é fazer com que crentes sinceros sejam respeitados em suas
experiências e outros não incorram em perigos e heresias tão em voga nos nossos
dias.
Desenvolvimento
1. A
melhor maneira de começar esta estudo é analisar o significado da palavra
original em termos históricos e exegéticos.
1.1. O
termo êxtase já existia no vernáculo grego e foi usado para descrever um estado
de admiração, de temor, de assombro. Nesse sentido foi usado em Marcos 5.42,
Lucas 5.26, Atos 3.10. O texto narra que milagres de Deus acontecia e o povo
ficava em êxtase, isto é, admirado, atemorizado, assombrado. Era exatamente
essa a palavra.
1.2. O
termo também foi usado para descrever experiências de transe, de frenesi, de
arrebatamento com perda dos sentidos ou perda da consciência. Nesses textos, a
palavra foi usada para descrever o que ocorreu com Pedro e Paulo.
2. Por
sua natureza, a palavra usada quer significar um estado alterado da
consciência. A pessoa deixa de perceber a realidade através dos cinco sentidos
e começa a perceber uma outra realidade. No caso, a realidade espiritual.
2.1.
Estudos neurológicos do cérebro revelam que nesse estado alterado da
consciência, as ondas beta de 13 a 24 oscilações quando a pessoa está desperta,
passam para ondas alfa de 8 a 12 oscilações. A pessoa fica mais relaxada e
confortável, sendo mais sensível a essa realidade espiritual.
2.2.
Outros estudos neurológicos informam uma diminuição do fluxo sanguíneo na área
do lóbulo parietal esquerdo, responsável pela interação do eu consciente
com o mundo que nos cerca através dos sentidos. Sabedores desse fenômeno,
muitos buscam esse estado alterado da consciência na meditação e drogas.
2.3.
Os dois episódios bíblicos informam que ao viverem essa experiência estavam em orações
e aí o fenômeno ocorreu. Eles não estavam buscando essa experiência. Ela aconteceu
nos momentos de comunhão com Deus.
3.
Outras experiências similares com outras palavras estão registradas em textos
bíblicos, descrevendo acontecimentos semelhantes. Daniel diz ter tido uma visão
angelical e que “caiu num profundo sono” (Daniel 8.18) e Ezequiel diz
que teve uma visão angelical e “caiu sobre seu rosto, ouvindo aquele que lhe
falava” (Ezequiel 1.27,28). João apóstolo também descreve uma visão com
Jesus e diz ter “caído como morto” (Apocalipse 1.9,10; 4.2; 17.3;21.10).
Mesmo usando outras expressões, essas pessoas viveram uma experiência de
êxtase.
4. Se
existem cristãos tidos como “místicos”, os quais dizem viver tais
experiências, sempre é necessário lembrar que nem todo crente pode ser
classificado como místico. Este é um tipo de personalidade que inclusive existe
em outras religiões. Os demais crentes que tem outros perfis psicológicos
precisam ser alertados que se buscarem esse tipo de transe correm o risco de
cair em heresia, simulação ou enganos. Pior ainda se usarem técnicas
(respiração, música estridente, imagens multicoloridas em alta velocidade) para
entrarem em estados alterados da consciência ou se fizerem uso de drogas com
esse fim, quando comportamentos estranhos começam a ser observados na conduta
dessas pessoas. A situação pode se agravar porque portas se abrem para
possessão demoníaca, que também não deixa de ser uma realidade sobrenatural.
Espíritos malignos podem se aproveitar da ausência do eu no transe, quando a
pessoa perde o controle de si mesmo.
Conclusão
Se
Pedro, Paulo, João, Daniel, Ezequiel e tantos outros entraram em êxtase quando
se achavam em momentos de profunda comunhão com Deus através da oração, não
imaginem que esse tipo de experiência vai acontecer com todos os demais crentes
que também procuram viver na comunhão com Deus.
Aliás,
se eles viveram essa experiência de transe, não recomendaram em seus ensinos
que os demais crentes deviam buscar a mesma experiência. O que se acha
repetidas vezes em suas recomendações é tão somente a orientação que estejamos
sempre em orações, súplicas, clamores, intercessões. O que a Bíblia nos ensina
é a “orar sem cessar”. Aliás, sempre uma atitude consciente e
intencional.
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Referência
bibliográficas:
Gomes,
Gareth. Nosso Frágil Cérebro, pg. 181 e seguintes
O Novo
Testamento Interpretado, Vol. 1, pg. 83 e seguintes
Revista
Religião e Psicologia, pg. 45 e seguintes
Enciclopédia
Histórico Teológica, Neoplatonismo, Plotino, pg. 15
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