Filipenses
3.13
AMNÉSIA INTENCIONAL
Introdução
1. Amnésia é
um termo técnico, usado na medicina e na psicologia, para se referir à perda de
memória em virtude de traumatismos cranioencefálicos, doenças neurológicas,
distúrbios metabólicos, convulsões ou fatores emocionais. A pessoa passa a ter
dificuldade em lembrar-se de episódios ocorridos no passado ou formar novas
memórias. Pode ocasionar perda de lembrança de fatos importantes, como datas,
nomes, ou mesmo eventos da vida pessoal. Em casos mais graves pode até mesmo
produzir a perda de identidade pessoal.
2. Todavia, no
caso do apóstolo Paulo, ele não estava se referindo a uma perda de memória por
esses motivos. A partir de determinados alvos na vida, inclusive o de “ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus
em Cristo Jesus”, ele decidiu esquecer seu passado. Era, portanto, uma
atitude intencional, olvidar fatos, casos e conhecimentos que havia
experimentado no passado e que poderiam prejudicar o seu propósito de vida
cristã. Então, simplesmente, decidiu esquecer tudo o que no passado poderia
prejudicar seus alvos na sua vida presente, futura e eterna.
Desenvolvimento
1. Quanto a
essa atitude intencional de esquecer o passado, há outros dois textos bíblicos
associados a essa ideia, apresentando motivações relevantes para essa tomada de
decisão.
1.1. Um
desses textos reproduz uma palavra dita por Deus através do profeta Isaías: “Não vos lembreis das coisas passadas, nem
considereis as antigas. Eis que faço coisa nova, que está saindo à luz;
porventura, não o percebeis? Eis que porei um caminho no deserto e rios, no
ermo” (Isaías 43.18,19). Se quisermos viver experiências novas com Deus na
manifestação do seu amor e do seu poder, é necessário abrir mão de um passado
que possa prejudicar essa experiência. Nesse sentido, podemos ilustrar com o
famoso saudosismo, que é a atitude alguém ficar agarrado na valorização demasiada
das experiências positivas do passado, sem perceber o que está ocorrendo no
presente. É manter apego a princípios, ideias, regras, práticas, usos e
costumes do passado que não tem mais valia no presente. Também podemos ilustrar
com os conhecidos traumas que prendem as pessoas em sofrimentos ocorridos no
passado e que tornam os sofrimentos do presente ainda mais atrozes e que tornam
a vida pessoa uma infelicidade.
1.2. O outro
texto bíblico associado à experiência de esquecer foi dito pelo profeta Jeremias
em meio a um momento de angústias em sua vida. Ele disse para aliviar essas
angústias: “Quero trazer à memória o que
me pode dar esperança” (Jeremias 3.21). Se havia algo a ser lembrado,
Jeremias entende que deveria haver uma seleção. Não deveria lembrar-se de tudo
o que havia acontecido, mas apenas as experiências positivas que poderiam
renovar a sua fé em Deus, à luz do que Deus havia feito na história. Neste
caso, a razão determinante de não esquecer os fatos positivos vividos com Deus
era a necessidade de experimentar alivio diante dos sofrimentos que estava
experimentando, para que sua fé pudesse ser renovada e fortalecida.
2. Uma vez
que foram feitos esses esclarecimentos sobre a necessidade de esquecer certas
coisas do passado, tendo em vista alvos a serem alcançados no presente, no
futuro e na eternidade, resta a pergunta sobre a real possibilidade de ocorrer
amnésia intencional e que algumas pessoas compartilham: “Eu quero esquecer o passado, mas não consigo”.
2.1. Uma equipe
de Medicina Preventiva da Unimed Campinas, SP, publicou o seguinte comentário a
respeito da dificuldade em esquecer o passado: “Sabia que a dificuldade de esquecer o passado pode ser explicada pela
neurociência? Nosso cérebro preserva eventos negativos como uma forma protetiva,
ajudando a evitar repetições de situações traumáticas. Vamos supor que você
tenha passado por uma situação que colocou sua vida em risco. A tendência é que
seu cérebro fixe fortemente essa lembrança, como uma forma de fazer você evitar
ao máximo se expor a esse tipo de situação novamente. E, para isso, ele conecta
essa memória a emoções intensas e ruins”. A partir daí, a equipe fez as
seguintes sugestões de atitudes: a)
aumente sua atenção no que ocorre no presente; b) não emita julgamentos sobre o
que ocorreu no passado e que no passado ficou; c) faça rituais de despedida do
passado, tais como escrever uma carta de despedida e em seguida queimar, simular
um sepultamento do passado simbolizado num objeto, relacionar essas coisas do
passado e depois rasgar a folha de papel em pedacinhos; d) pratique o perdão de
si mesmo, dizendo várias vezes ao dia que se perdoa do que tenha feito de
negativo; e) busque ajuda de uma pessoa competente nessa área e que possa lhe
oferecer ajuda adequada (https://www.unimedcampinas.com.br/blog/saude-emocional/como-esquecer-o-passado-5-dicas-para-viver-bem-o-presente).
2.2. Por que
você insistiria em manter o passado de sua vida se o próprio Deus se incumbe de
apagar seu passado, principalmente seus erros, falhas e pecados cometidos. O
profeta Miqueias pregava para o povo pecador: “De novo terás compaixão de nós; pisarás as nossas maldades e atirarás
todos os nossos pecados nas profundezas do mar” (Miqueias 7.19). O autor da
carta aos hebreus transcreveu a palavra de Deus dizendo: “Dos seus pecados e iniquidades não me lembrarei mais" (Hebreus
10.17). O rei Ezequias viveu a experiência de ter seus pecados esquecidos por
Deus ao curar sua enfermidade: “lançaste
para trás das tuas costas todos os meus pecados” (Isaías 38.17).
Conclusão
Se alguma coisa do passado deve ser lembrada, deve ser algo positivo que fortaleça sua confiança em Deus no presente, principalmente se for um tempo de angústia. Não seja saudosista, querendo que o passado continue sendo vivenciado no presente, principalmente se o presente é oportunidade para novas experiências com Deus. Tenha a atitude de estabelecer alvos para o presente, o futuro e a eternidade, a fim de não ficar agarrado num passado vitorioso, pois Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e amanhã para fazer maravilhas na sua vida atual e no porvir.
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