ORDENAÇÃO FEMININA AO PASTORADO
Pr. Edson Raposo Belchior
Embora
existam registros antigos sobre iniciativas nessa direção, foi no século XX que
a ordenação feminina ganhou lugar na mídia mundial, a partir de 1975, quando a
Igreja Anglicana estudou o assunto em seu meio. O resultado foi que em 1984 já
existiam 700 pastoras nos Estados Unidos, Nova Zelândia, Quênia e outros países
(Jornal O Globo, 13.03.94). Em 1994, mais 32 foram ordenadas na Inglaterra
(Jornal O Globo, 13.03.94). Pesquisa feita entre 1977 e 1994 constatou um
vertiginoso crescimento em várias denominações nos Estados Unidos, entre as
quais foram registrados os seguintes números: de 157 para 712 na Igreja
Batista, de 94 para 1394 na Igreja Episcopal, de 388 para 988 na Igreja
Discípulos de Cristo, de 73 para 1519 na Igreja Luterana, de 350 para 2705 na
Igreja Presbiteriana, de 319 para 3003 na Igreja Metodista Unida[1].
A Igreja Católica continuou resistindo à
idéia, embora tenha havido certa abertura desde o Concílio Vaticano II: “Um documento da Cúria Romana, em 1973,
autorizou que mulheres católicas leigas ministrassem sacramentos como batismo
ou extrema-unção, em casos de emergência, se não houvesse um padre à mão” (Revista
Veja, 9.6.93). Com o Papa Francisco a situação pareceu mudar quando ele
declarou que era “necessário ampliar os
espaços para uma presença feminina mais incisiva na igreja”. Todavia, quando
abordado diretamente, declarou: “Sobre a ordenação das mulheres, a igreja falou
e disse não” [2].
Entre
os evangélicos, os batistas norte-americanos tem na Convenção do Sul uma forte
resistência, embora na década de 80 já existissem cerca de 250 igrejas
lideradas por pastoras (Jornal do Brasil, 1984). Em 1987, a União Batista da
Grã-Bretanha elegeu uma pastora como sua presidenta, que já exercia o
ministério pastoral desde 1977 (Jornal Batista, 28.06.87). Em 1995, foi
informado na assembleia da Aliança Batista Mundial, que a presidência da
Federação Batista Europeia estava ocupada por uma pastora. No Brasil, a
denominação batista tem reunido grupos de estudos desde 1985 para apreciar o
assunto e chegar a uma conclusão. Embora naquela época já existisse um
percentual de 64,9% de pessoas favoráveis à ordenação feminina [3],
até hoje o assunto não foi autorizado formalmente. Mesmo assim, por conta
própria, várias igrejas promoveram ordenações, de modo que em agosto deste ano
de 2014 já existem 188 pastoras em vários estados brasileiros, na lista
mencionada no Blog da Pastora Zenilda [4].
As pastoras ordenadas poderão se filiar a OPPBB, conforme a última deliberação.
No
Brasil, onde as igrejas pentecostais tem um enorme crescimento, pastoras já
estão atuando ao lado de seus maridos ou pai pastores, assim como estão
dirigindo, na Igreja Universal do Reino de Deus, na Igreja Renascer. Na Batista
da Lagoinha (44,6%), na Metodista (30%), Igreja Reina (20%) - os números tendem
a crescer. A Igreja da Assembléia de Deus, à semelhança da Igreja Batista, tem
permanecido resistente. Enquanto isto, em Vila Velha, ES, a Igreja Viva Praia
da Costa, com 100 membros, é liderada exclusivamente por três pastoras [5].
Entre os presbiterianos, a Igreja Presbiteriana Independente também já conta
com a atuação de pastoras.
Pesquisas
históricas sobre o que teria acontecido no passado distante informam que a
prática já ocorria no II século, promovida por grupos cristãos considerados
heréticos. Pagele fez os seguintes registros: “Marcos, um herege gnóstico permitia que as mulheres atuassem como
pastoras na celebração da eucaristia ao seu lado, o que produziu desalento a
Irineu. Tertuliano expressa a mesma indignação com essas atitudes dos cristãos
gnósticos: Essas mulheres hereges – como são atrevidas. Carecem de modéstia e
tem a ousadia de ensinar, de discutir, de exorcizar, de curar e, talvez, até de
batizar. Tertuliano, combatendo uma pastora do norte da África, escreveu: Não é
permitido nenhuma mulher falar na igreja, nem permitido que a mulher ensine ou
que ofereça eucaristia, ou que pretenda para si uma parte de qualquer
atribuição masculina – para não se falar em qualquer cargo sacerdotal. Em pelo
menos três séculos de hereges... as mulheres assumiram posição de liderança-
entre marcionitas, montanistas e carpocráticos. Por outro lado, a partir do ano
200, não há nenhum registro de qualquer mulher assumindo funções de profetiza,
de sacerdotisa ou de bispo nas igrejas ortodoxas” [6].
Atualmente em nosso país, a Igreja Católica, a
Igreja Batista e a Igreja da Assembléia de Deus são as principais oponentes à
prática de ordenar pastoras para o ministério.Os que procuram fundamentação
bíblica para negar tal prática apresentam os seguintes argumentos principais:
a) Jesus Cristo, mesmo prestigiando e valorizando a mulher, não escolheu
nenhuma para o apostolado (Marcos 3.13-19). Paulo apóstolo, o principal
missionário na expansão das primeiras igrejas escreveu que as mulheres deveriam
ficar caladas nas igrejas e se quisessem aprender algo deveriam interrogar os
maridos em casa (I Coríntios 14.34, 35). As mulheres são valorizadas como
evangelistas e missionárias, assumindo liderança de igrejas onde não existam
pastores, mas não são ordenadas e consequentemente não tem autorização para
celebrar as ordenanças. Reconhecidamente fazem parte do grande exército de Deus
para ganhar o mundo para Cristo, todavia continuam sendo vistas com outros
olhos se buscam a ordenação. Se os que promovem ordenação delas não chegam a
ser chamados de hereges, como no segundo século, não são vistos com bons olhos
pelas organizações que congregam os pastores. Basta lembrar que a 1ª Igreja
Batista em Campo Lindo, SP, que promoveu a ordenação da primeira pastora
batista brasileira em 1999, teve como penalidade o desligamento da Associação
(Abafer) e da Convenção Estadual [7].
[1] WOMEN
Clergy: An
Uphill Calling por
Barbara Brown Zikmund, Adair T. Lummis e Patricia M. Y. Chang. Louisville, Ky:
Westminster John Knox Press, 1998, p. 138. Fonte:
http://solascriptura-tt.org/EclesiologiaEBatistas/PapelMulherNaIgrejaLocal-MCostella.htm.
[2] http://www.istoe.com.br/reportagens/325432_A+FORCA+DAS+PASTORAS
[3]
Anais da CBB, 1995, pg. 509.
[4] http://pastorazenilda.blogspot.com.br/
[5] http://www.istoe.com.br/reportagens/325432_A+FORCA+DAS+PASTORAS
[6]
PAGELE, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. São Paulo: Cultrix, 1979, pg. 86 a 89.
[7]
Revista Vinde, Ano IV, nº 46, 9/1999.
(TEXTO EXTRAÍDO DO LIVRO "PASTOR POR AMOR", publicado pela editora agBook, em outubro de 2014)
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