A ACEITAÇÃO DE UM CONVITE
E A CONSEQUENTE PARTICIPAÇÃO
“Ó, vinde, comprai e comei sem
dinheiro...” (Isaías 55.1)
“Vinde a mim...” (Mateus 4.19; 11.28; 16.24; João
7.37)
INTRODUÇÃO
1. A
apresentação de convites de diversas naturezas, variados formatos e para
diferentes objetivos tem sido uma prática antiga nos relacionamentos sociais.
2. Não
somente Deus através do profeta Isaías formulou um convite ao povo de sua época
e Jesus insistiu em apresentar convites às pessoas de sua geração e de todas as
gerações vindouras. Também em muitas culturas e regiões as pessoas formulam
convites para celebrações, comemorações, cursos, encontros...
3. O
pressuposto humano de quem apresenta esses convites é de que as pessoas irão aceitá-los
naturalmente, na maioria das situações.
4. Todavia,
nem sempre é o que acontece quanto aos eventos humanos nem quanto às
experiências espirituais. Existem pessoas que não aceitam nem um e nem outro
convite. Alguns até agradecem, porém outras ignoram naturalmente.
5. Por
isso, mais uma vez, precisamos compreender a teoria das motivações para que possamos ver os convites serem
aceitos, principalmente os que são apresentados em nome de Deus e de Jesus
Cristo em termos espirituais e eternos. Aceitos e objetos de participação.
DESENVOLVIMENTO
1. É
verdade que um convite apresentado pode ter em sua natureza e objetivos
experiências que seriam irrecusáveis, tanto em termos humanos e principalmente
em termos espirituais e eternos.
2.
Ocorre, todavia, que para compreender o que acontece, precisamos lembrar também
que os seres humanos são proativos, ativos ou reativos a partir de suas
motivações, sejam intrínsecas ou extrínsecas. As atitudes e ações das pessoas
estão igualmente condicionadas às suas necessidades ou desejos. Nessa
compreensão, podemos formular a seguinte equação psicológica: convite
+ necessidade ou desejo =
aceitação e participação. Em outras palavras, não basta o
convite! Para ser aceito e levar à participação, o convite deve ir ao encontro
das necessidades que as pessoas estejam vivenciando ou dos desejos que estejam
acalentando.
3. Para conhecer um pouco mais sobre a
importância das necessidades humanas, nossa
melhor opção é a pirâmide de Maslow. Abraham Maslow (1908-1970) foi um
psicólogo de grande destaque por causa de seu estudo relacionado às
necessidades humanas. Foi quem melhor as expressões em sua pirâmide,
conforme gráfico abaixo:
3.1. Se
as pessoas não estiverem vivenciando essas necessidades não haverá aceitação do
convite e muito menos a participação.
3.2. Um
convite para um tipo de necessidade não vai mobilizar a pessoa para aceitar e
participar, considerando outra necessidade.
3.3. É
preciso que as necessidades prioritárias sejam atendidas primeiro, sem o que as
outras necessidades serão relativadas.
3.4. Na
pirâmide de Maslow, acima do pico da mesma, teologicamente devemos acrescentar
a necessidades ESPIRITUAL: buscar a
Deus, experimentar Deus no coração, ter esse encontro com Deus através de Jesus
Cristo, ter perdão de pecados, experimentar os frutos do Espírito e ter a
garantia da salvação eterna.
4.
Quanto aos desejos humanos, embora
Epicuro (filósofo ateniense do século IV AC) tenha sido o primeiro a usar formalmente
essa expressão, ele os igualou às necessidades.
Mais recentemente
o livro “Educação da Vida”, do famoso autor Massaharu Taniguchi, também fez o
mesmo. Por isso, precisamos entender melhor o que são os desejos numa abordagem
distinta. Nesse aspecto, essa
diferenciação tem sido feita acentuadamente na área do marketing empresarial. Claudio
Shimoyama e Douglas Ricardo Zela, no capítulo Administração de Marketing do
livro Marketing, escreveram: “É
importante salientar a diferença que existe entre necessidade e desejo.
Enquanto necessidade é um estado de privado de alguma satisfação básica, desejo
é algo que as pessoas buscam satisfazer embora o objeto de desejo no vise
suprir uma necessidade básica. Por exemplo, temos necessidade de tomar água e
desejo de tomar um suco de laranja de uma determinada marca ou um bom vinho.”
(Marketing / Fae Business School. Curitiba, Coleção Gestão Empresarial, 2002,
pg. 8). E assim tem feito outros autores nessa área de marketing empresarial.
4.1. À
Luz desse entendimento, o desejo nem sempre está associado a uma necessidade. É
algo que pode estar além de uma necessidade atendida. Só para ilustrar: ter um
carro pode ser uma necessidade, mas algumas pessoas desejam ter mais do que um
carro ou um carro caríssimo. Estar casado pode ser uma necessidade, mas às
vezes as pessoas desejam outros parceiros além do casamento.
4.2.
Está, portanto, muito mais associado a uma experiência de prazer, deleite,
encanto... Saborear uma sobremesa após a refeição, usar determinadas bebidas,
entregar-se à desocupação, fazer uma viagem turística, conquistar sexualmente
várias pessoas, acumular muito dinheiro, fazer uso de drogas, consumir
desenfreadamente, diversificar aparelhos
eletrônicos pela moda e coisas semelhantes não é um agir motivado por
necessidades. É um agir motivado pela busca do prazer, do deleite, do encanto.
4.3. Nem
sempre temos controle sobre a força de uma necessidade, mas moral e
espiritualmente temos recomendações para controlar os desejos, pois estes
poderiam comprometer nossa existência com vários perigos e até se tornar um
estado doentio. Sendo capaz de identificar as necessidades reais, a pessoa pode
distingui-las dos desejos que podem ou não ser atendidos. Existe uma
possibilidade de se fazer escolhas, pois enquanto a necessidade é um
imperativo, a realização de um desejo pode ser uma opção moral ou espiritual. A
pessoa talvez não possa viver sem a satisfação de uma necessidade, mas a pessoa
pode aprender a viver sem a realização de um desejo, quando usa a virtude da moderação.
4.4.
Embora seja na área de marketing comercial que mais autores tem feito essa
distinção, principalmente para ajudar consumidores a evitarem o consumismo e
outras atitudes prejudiciais à existência, é na vida espiritual que mais
precisamos estar alertas quanto aos desejos negativos e inclinados a atender
desejos positivos.
4.1.
Nesse sentido, os desejos da carne devem ser continuamente evitados e até
extintos, enquanto os desejos do espírito dessem ser realizados. Por exemplo:
somos advertidos a não cobiçar, enquanto por outro lado somos recomendados a
buscar Deus.
CONCLUSÃO
Para nós
que apresentamos os convites de Deus e de Jesus Cristo a seres humanos, algumas
decisões inteligentes precisam ser adotadas:
1) Continuar
apresentando os convites espirituais e eternos porque ainda estão em plena
vigência, de acordo com a vontade do Senhor (Hebreus 13.8)
2) Associar
o convite às necessidades das pessoas, esclarecendo qual necessidade Deus pode
e quer atender em Cristo Jesus, sem deixar de mencionar nenhuma delas. Paulo
escreveu: “Deus suprirá todas as vossas necessidades em Cristo Jesus”
(Filipenses 4.6).
3) Incluir
também a realização de desejos espirituais que existe no coração das pessoas, à
semelhança de Davi que dizia: “A minha alma tem sede de Deus” e “Na terra
não desejo outra coisa além de Ti” (Salmo 42.2 73.25). Também
recomendou a seus leitores: “Agrada-te do Senhor e ele também satisfará o
desejo do teu coração” (Salmo 37.4).
4) Esclarecer
que os desejos carnais, pecaminosos e negativos, por serem desejos, também podem
e devem ser controlados, pautando o viver cristão pela moderação (II Timóteo
1.7; Tiago 3.17).
Estas
são verdades tanto para os que apresentam os convites divinos quanto para nós
que aceitamos esses convites e deles participamos.
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