Eclesiastes 8.11
A FALTA DE JUSTIÇA
Introdução
1. Um dos fatos que mais tem causado perplexidade e indignação às pessoas em todos os tempos e em todos os lugares é a falta de justiça entre os seres humanos.
1.1. Não estou me referindo à morosidade da justiça em tratar das causas que lhe são apresentadas, principalmente em virtude da burocracia dos atos que compromete o andamento dos processos, inclusive quanto ao direito de recursos que possam ser interpostos.
1.2. Também não estou me referindo à quantidade de demandas apresentadas gerando sobrecarga no sistema judiciário, cuja estrutura pessoal se torna insuficiente quanto ao número de funcionários, defensores, promotores e magistrados.
1.3. Ainda não estou me referido à atualização das leis dos códigos, várias das quais acabam não acompanhando as mudanças sociais e culturais que vão ocorrendo na sociedade, fazendo com que se tornem ultrapassadas ou obsoletas, não alcançando novas situações criminosas.
2. O que tem causado indignação e perplexidade como ausência da justiça é a conhecida impunidade, quando a sociedade tem o sentimento de que não existe punição para os infratores ou é insuficiente, fazendo com que as pessoas não mais acreditem que o “crime não compensa”. Porque não há punição para os crimes, o mal se torna um estilo de vida, conforme afirma o autor do livro de Eclesiastes.
Desenvolvimento
1. Nos dias do salmista, conforme sua observação e testemunho, também esse foi seu sentimento expresso através do Salmo 73.3-12. Ao ver a impunidade prevalecendo em seus dias, seu coração entrou em desespero, acreditando que todo o seu esforço pessoal em ter uma vida correta era uma atitude inútil.
2. Além de causar indignação e perplexidade nas pessoas que pautam a vida pela honestidade, moralidade e legalidade, a impunidade também coloca em risco a paz social, os relacionamentos entre as pessoas, o valor do policiamento, a eficiência dos julgamentos, o efeito da penalidade.
2.1. Como consequência, os infratores e criminosos usam e abusam da liberdade de agir, atacam as pessoas e instituições, sentindo-se acima ou à margem da legislação.
2.2. O clímax dessa impunidade chega ao ponto de os bandidos se fazerem presentes nos vários níveis da hierarquia social, assumindo liderança e estabelecendo o que tem sido conhecido como “crime organizado”.
3. Na sua parábola sobre a viúva que tinha uma causa e que não conseguia ser atendida pelo magistrado, Jesus Cristo mostrou sua sensibilidade para com essa realidade humana (Lucas 18.1-8).
3.1. Nessa parábola, já naquela época, o juiz é apresentado como insensível às demandas e não fazendo justiça aos necessitados.
3.2. A personagem principal é identificada como alguém a quem a justiça não estava sendo aplicada, tendo seus direitos desrespeitados.
3.3. Além de explicar que a justiça só foi feita por insistência da viúva, Jesus Cristo claramente quis redirecionar os fatos para Deus e para os efeitos da oração dos que que estão sendo injustiçados.
4. Se entre os homens desde os tempos mais antigos e em todos os lugares existem situações quando a justiça não é exercida, Jesus Cristo nos apresentou o Juízo Final Divino como a alternativa inevitável, implacável e imprescindível para que os infratores e criminosos sejam definitivamente punidos. É sob essa interpretação que o Juízo Final é apresentado no término da história humana (Apocalipse 20.11-15).
Conclusão
Por mais que o sistema judiciário possa estar sujeito a falhas, morosidade e decepções, ele existe desde os tempos antigos como instrumento para garantir direitos individuais, coletivos e sociais, procurando resolver os conflitos entre os cidadãos, entidades e o Estado. Sem ele, a sociedade seria inviável a impunidade seria o estilo de vida.
Todavia, se a justiça não for feita entre os homens neste tempo presente, tenhamos absoluta certeza de que haverá um Juízo Final quando “todos iremos comparecer perante o Tribunal de Cristo para que nossas obras sejam por ele julgadas” (II Coríntios 5.10). Todos, inclusive nós mesmos seremos julgados.
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PARA LER NA PANDEMIA
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